“Educar é ensinar a pensar” Sara Pain

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA DE SARA PAIN Á NOVA ESCOLA

A psicopedagoga argentina condena a “transmissão mecânica dos conteúdos” e conta como trabalha para formar gente capaz de pesquisar e construir seu próprio conhecimento, condição indispensável para que as crianças pobres deixem de ser cidadãs de segunda classe Argentina radicada há 15 anos na França, a professora Sara Pain é, aos 61 anos, uma das maiores autoridades mundiais em sua área. Psicopedagoga, ela se dedica desde a década de 50 a investigar prioritariamente as dificuldades de prendizagem, que sempre atingem em maior grau as crianças de classes populares. Nos anos 60 e início dos 70, foi professora de Psicologia da
Inteligência e da Educação na Universidade Nacional de Buenos Aires e Mar del Plata. Forçada a sair de seu país em 1977 pela ditadura militar (que vigorou na Argentina de 1976 a 1986), dirigiu até os anos 80 projetos sobre problemas da inteligência e aprendizagem, desenvolvidos pela Unesco, em vários países do Terceiro Mundo. No mesmo período, trabalhou como pesquisadora associada no Centro de Epistemologia Genética, coordenado por Jean Piaget em Genebra, na
Suíça. E iniciou contatos com educadores brasileiros, tornando-se consultora científica de escolas e instituições de pesquisa do país, entre estas o Geempa (Grupo de Estudos sobre Educação e Metodologia de Pesquisa e Ação), de Porto Alegre (RS). A professora leciona atualmente em universidades francesas. Além disso, coordena um projeto de educação sistemática, voltado aos alunos das escolas públicas de Mar del Plata e da província de Córdoba, na Argentina. Esse
projeto procura oferecer aos alunos a oportunidade de se tornarem autodidatas já na escola primária. Nesta entrevista, Sara Pain detalha os objetivos do projeto e discute algumas de suas idéias contundentes sobre o papel e a atuação do sistema de ensino público nos países latino-americanos.
Nova Escola A senhora diz que apesar de alguns avanços, as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar continuam sendo a tônica nos sistemas de ensino público. Como isso se explica?

Sara Pain Acredito que no Brasil, e em alguns países latino-americanos que conheço mais de perto, as dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças não indicam que elas sejam menos capazes, mas se devem aos sistemas escolares, que continuam muito presos às técnicas de ensino e a uma transmissão mecânica dos conhecimentos já prontos e acabados. O resultado, todos sabemos, é o grande número de crianças reprovadas. Mas, mesmo que estas reprovações não acontecessem, a forma de transmissão dos conhecimentos já seria, como é, um grande problema. Porque ela resulta num aproveitamento muito pequeno das muitas horas passadas na sala de aula. Na maioria dos casos, as crianças continuam entrando e saindo das escolas sem aprender a pensar. Mesmo aquelas que são aprovadas.

Nova Escola O que precisa ser feito para mudar essa situação?

Sara Pain Para termos o salto de qualidade que queremos, penso que deve haver uma alteração substantiva nos princípios e na organização dos sistemas de ensino. Estes devem ter como objetivo último oferecer condições para que todos os alunos sejam capazes de possuir autonomia frente ao conhecimento construído socialmente. Além disso, para que o suplício da evasão e da repetência deixe de ocorrer, principalmente nas classes menos favorecidas, o sistema precisa se organizar numa programação permanente, na qual a criança avance sempre. Mesmo que umas sigam mais rapidamente que outras.

Nova Escola Esta programação que a senhora sugere está sendo aplicada na experiência
que vem sendo desenvolvida na Argentina?

Sara Pain Sim, ela se baseia nesta experiência, que é produto de quase duas décadas de pesquisas e estudos. Ela se iniciou na década de 70, com o trabalho desenvolvido em escolas situadas nos bairros mais pobres de Mar del Plata e da província de Córdoba. A meta de nosso grupo de trabalho era estabelecer uma prática de ensino que se antecipasse e prevenisse os problemas escolares dessas populações pauperizadas.
Nova Escola essa prática de ensino vem se mantendo nos mesmos moldes até hoje?

Sara Pain Ela evoluiu bastante e sofreu algumas modificações no funcionamento, em decorrência das dificuldades impostas pela ditadura que se instalou em meu país, com o golpe militar de 1976. Muitos de nós fomos perseguidos mas algumas experiências passaram despercebidas pela ditadura e continuaram sendo tocadas. Com o fim da ditadura, em 1986, fui chamada pelo Ministério da Cultura para retomar a orientação do programa, agora numa forma mais ampliada. Nessa segunda fase, minha atuação não está mais ligada diretamente ao atendimento dos alunos, mas à orientação dos coordenadores e professores.

Nova Escola A experiência propõe uma nova metodologia de ensino?

Sara Pain Não se trata exatamente de uma nova metodologia, mas de um programa cuja meta é desenvolver um ensino sistemático e mais racional na escola primária, que na Argentina tem sete anos. O objetivo deste programa e dar às crianças das classes menos favorecidas condições de pensar por si mesmas e aprender. Quando digo que nossa meta é dar-lhes condições de exercer plenamente sua cidadania, é porque acredito que, hoje, elas crescem e são levadas a se posicionar na sociedade como cidadãs de segunda classe.

Nova Escola Como a escola pode contribuir para que as crianças das classes populares
se tornem cidadãs de primeira classe?

Sara Pain Dando oportunidade a essas crianças de ter uma educação continuada. Dificilmente elas podem permanecer nas escolas após o curso primário, por razões sociais e econômicas bem conhecidas. O que propomos, então, é que pelo menos nesses anos de escolaridade essas crianças sejam instrumentadas para continuar, mais tarde, aprendendo por si, para que se tornem autodidatas. Queremos que elas tenham condições de se transformar em melhores leitores e escritores.

Nova Escola O que significa para a senhora ser um leitor e escritor melhor?

Sara Pain Significa ir muito além da simples alfabetização. A questão não é ensinar a ler e escrever para nada. A alfabetização não pode ser um fim mas um meio. O importante é ensinar a ler e a escrever para que a pessoa use esses instrumentos em sua vida cotidiana. E não só para ser um trabalhador mais completo, mas para viver melhor em todos os sentidos.
Nova Escola Como é que os estudantes, já a partir do curso primário, podem se
transformar em autodidatas?

Sara Pain Os princípios desse tipo de educação são a racionalização e a construção do conhecimento. A partir da ação das crianças procuramos orientálas no sentido da construção dos seus próprios conhecimentos, e de maneira a que possam dizer como chegaram a esse conhecimento. Na prática isto significa que nunca trabalhamos com conhecimentos prontos. Ao contrário, os alunos são estimulados a questionar, duvidar e perguntar sempre. O primeiro passo é que eles possam perguntar e saber como os sábios ou os cientistas chegaram a tal ou qual conhecimento, por que ele foi construído daquela maneira e a quais necessidades respondia ou responde. Nada deve ser apresentado como informação pura e simples, e sim acompanhado dos processos históricos que permitiram a sua construção, que envolveram várias pessoas.

Nova Escola É uma programação centrada na história do conhecimento?

Sara Pain Nosso interesse não é tanto com a história do conhecimento, mas com a maneira como esse conhecimento se faz e pode ser interpretado. Queremos que as crianças compreendam como trabalha um historiador, um engenheiro ou um físico. Normalmente, as escolas apresentam aos alunos umas tantas fórmulas físicas, por exemplo, que foram descobertas por este ou aquele pesquisador, e querem que todos memorizem os dados. Entendemos que essa memorização não serve de nada, pois mesmo que os conceitos ou fórmulas sejam importantes para a vida das pessoas, elas não terão condições e nem instrumentos para fazer as transferências necessárias. A informação perde o sentido, não se transforma em conhecimento. Nossa segunda preocupação é que as crianças estejam em sintonia com o mundo de hoje, tenham idéia dos avanços do conhecimento da ciência.
Nova Escola E como isso é possível, sem que haja um empobrecimento do ensino?

Sara Pain É um equívoco pensar que a escola sozinha pode dar conta de todo o conhecimento acumulado. Mesmo que as pessoas passassem a vida toda nos bancos escolares isso não seria possível. A escola precisa fazer um recorte consciente do que considera fundamental e trabalhar para despertar, em seus alunos, a curiosidade e o prazer de aprender.
Nova Escola A senhora acredita que estas são as condições para que as crianças possam
também produzir conhecimento?

Sara Pain Penso que este é o começo, um bom começo. Nosso propósito é que as crianças possam discutir quais são os problemas fundamentais da ciência hoje. Que elas saibam, por exemplo, qual a importância de podermos ver e medir o infinitamente pequeno e o imensamente grande. Ou, então, como a descoberta da teoria da relatividade mudou nossa percepção do universo.

Nova Escola Esses procedimentos bastam para mudar a qualidade do ensino?

Sara Pain Eles contribuem fortemente para isso, mas só funcionam, de fato, quando existe a vontade real de mudança. Pois requerem uma nova postura de todo o sistema de ensino, que parta do princípio de que as crianças têm o direito de aprender tudo isso. E de que para elas é muito mais interessante questionar, discutir, do que receber tudo mastigado. Além disso, tais procedimentos mudam a perspectiva do aprendizado, pois com eles o conhecimento ganha novo significado.

Nova Escola Nesse programa as turmas de alunos são organizadas em classes ou séries,
como nas escolas brasileiras?

Sara Pain Nos primeiros anos de escolaridade as turmas são organizadas em classes, já que as crianças ainda não possuem autonomia de estudo ou pesquisa. Mas não existe a seriação, e sim unidades de trabalho. Além disso, é uma exigência do programa que essas classes iniciais tenham um número limitado de alunos. Assim, no primeiro ano elas são compostas por 20 alunos, no segundo não podem passar dos 25. E, no terceiro, chegam aos 30 alunos. Daí em diante, e até o sétimo ano, as classes podem crescer bem mais.

Nova Escola As classes chegam a ter quantos alunos?

Sara Pain Hoje temos algumas turmas de quinto e sexto anos com mais de 60 alunos. No sétimo ano, as turmas funcionam normalmente com centenas de alunos numa classe, pois aí o autodidatismo já está suficientemente sedimentado. Eles participam de conferências e discussões e partem para investigar e aprofundar os temas sozinhos, tendo atrás de si toda a orientação e os materiais necessários. Dessa forma, as verbas para o ensino são racionalizadas e podem ser mais bem distribuídas nas turmas iniciais.

Nova Escola Como são feitas as avaliações e a promoção dos alunos no programa?

Sara Pain Como nossa programação é baseada em unidades de trabalho, não há repetência. A criança começa a estudar uma unidade no início do ano e, no final, se não conseguiu completá-la, retoma no ano seguinte de onde parou. Isto também faz com que as verbas para o projeto possam ser repartidas mais racionalmente. Não há necessidade de contratar professores novos para acompanhar repetentes.

Nova Escola Qual é o papel do professor no programa de ensino?

Sara Pain Ele atua como um educador, já que seu objetivo é ter alunos autônomos. Para nós, o educador é aquele que tem suporte para analisar a realidade e projetar sobre ela certos interesses que estimulam os alunos a querer conhecer mais. Ao contrário do que muita gente pensa, o ensino que parte da realidade da criança, do conhecimento que ela já tem, não é um ensino espontaneista, no qual o professor é só figurante.

Nova Escola Para ser um educador, o professor precisa ter uma formação diferenciada?

Sara Pain Ele precisa ser bem formado, ter uma bagagem sólida, como de resto todos os professores precisam. Aqueles que trabalham no programa, porém, passam por um treinamento, já que não podemos estimular a autonomia se nós próprios não sabermos bem o que é isso.

Nova Escola Como é a prática desses professores na sala de aula?

Sara Pain Tudo é uma questão de mudança de atitudes frente ao aluno e ao processo de ensino. Os professores devem exercer sua autonomia plena até para saber onde buscar os profissionais que dominam conhecimentos que eles não têm. Nós tivemos o caso de uma turma que estava trabalhando medidas e o professor sabia, por exemplo, calcular a altura de uma pessoa ou de uma montanha em relação ao nível do mar, mas não tinha idéia de como esse conceito fora construído. Para saber mais, procurou um geógrafo do Instituto de Cartografia, que lhe explicou detalhadamente todo o processo. E este foi reproduzido depois, na discussão com os alunos.
Nova Escola Quantas turmas já completaram todo o ciclo da programção?

Sara Pain Este ano estamos com a terceira geração de crianças completando todo o ciclo, que é organizado para ser percorrido em sete anos. Essas três gerações são uma prova contundente de que essa programação de ensino funciona e pode ser feita.

Nova Escola E essa programação pode ser generalizada para toda a rede de ensino?

Sara Pain Não acredito que o governo torne o programa nacional. Principalmente porque sua implantação, no início, é mais dispendiosa que a do sistema de ensino atual. Requer o treinamento e a atualização constante dos professores e necessita de escolas bem instaladas, com boas bibliotecas e laboratórios.

Nova Escola Qual é a abrangência do programa hoje?

Sara Pain Ele atinge cerca de um quarto das escolas da província de Córdoba e metade das escolas da periferia de Mar del Plata. Os responsáveis diretos pela programação hoje também não permitem sua expansão, até que existam mestres em condições de desempenhá-lo bem.

Nova Escola no Brasil, que trabalhos a senhora tem desenvolvido por aqui?

Sara Pain Meu contato com o Brasil é antigo e muito produtivo. Oriento teses e projetos na área de Psicopedagogia e sou consultora de algumas escolas particulares. O trabalho mais antigo, porém, desenvolvo em Porto Alegre (RS), onde sou consultora científica do Geempa desde 1982. A equipe do Geempa me chamou para assessorar nas discussões dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar. Partindo do pressuposto de que o desejo de aprender é inerente ao ser humano, começamos a questionar a relação aluno-professor e chegamos à conclusão de que este não-aprendizado, seguido pela evasão e repetência, é, na maioria dos casos, resultado da atitude do próprio professor, que acredita nos “limites” da criança mais pobre.
Nova Escola quais as conseqüências tiradas destas conclusões?

Sara Pain A primeira delas foi a de que era preciso desmitificar a pobreza, do ponto de vista antropológico e sociológico, junto aos professores. Nós acreditamos que a repetência e a evasão se reproduzem muito mais nessa faixa mais pobre porque os alunos desistem de aprender depois de vários anos de insucesso. Eles e suas famílias internalizam a idéia de que são incapazes mesmo.

Nova Escola Muitas das propostas do Geempa foram estendidas à rede municipal de
ensino de Porto Alegre durante os quatro anos em que a professora Esther Grossi
foi secretária da Educação. A senhora acompanhou este trabalho?

Sara Pain Acompanhei como observadora atenta e muito curiosa, pois achava que a equipe da Secretaria estaria enfrentando uma prova de fogo, levando-se em conta o acúmulo de tarefas, problemas e entraves que sempre existem em instituições como esta, normalmente de tendências burocráticas. Além disso, como esta seria a primeira vez que as idéias do construtivismo orientavam toda uma rede pública de ensino e atingiam milhares de crianças das classes populares ao mesmo tempo, estava bastante curiosa para ver a evolução do trabalho.
Nova Escola E como a senhora avalia a experiência desenvolvida?

Sara Pain Dentro das limitações, foi um trabalho extraordinário, feito com um ritmo e um entusiasmo elogiáveis. E acredito que isso se deve ao fato de que a equipe tinha, além de um método de ensino, convicções pedagógicas que davam coerência, fundamentação científica e seriedade a todas as ações implementadas. Nada que se fez foi feito gratuitamente. O mais importante para mim é que a experiência se orientou no sentido de permitir que as crianças pensassem sobre a própria construção da linguagem.

Nova Escola Quais são, então, as limitações a que a senhora se refere?

Sara Pain A única crítica que faço ao trabalho, e que já discuti muitas vezes com o pessoal do Geempa, pois ela se repete nas propostas do Grupo, é a de que ele ficou muito centrado na alfabetização. Isso é muito pouco ambicioso. Em nossos países não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade de ajudar as crianças a ampliar sua autonomia e domínio das formas de conhecimento. O trabalho deveria ir muito mais além, envolvendo, pelo menos, toda a escola primária. Acredito que só assim ele ganharia solidez e a garantia de que essa alfabetização será realmente útil, possibilitando às crianças condições de que continuem trabalhando para criar textos, para criar conhecimento.

Nova Escola E o que entravou o avanço do construtivismo para as outras séries?

Sara Pain para a alfabetização, que era necessário, foi tão enorme que não deixou espaço e
tempo para o segundo passo. Por outro lado, porém, há a questão do
construtivismo, que, na minha opinião, não conseguiu desenvolver ainda uma
visão de conjunto do processo de aprendizagem. Concentra forças na
alfabetização do sujeito, mas não tem idéia do cidadão que quer ver formado no
final da escola primária. Embora eu não negue que as idéias e ações do
construtivismo têm desempenhado um papel dos mais importantes para
diminuir, nos primeiros anos de escolaridade, o fracasso escolar em nossos
países.

Nova Escola Mas a senhora tem afirmado que o fracasso escolar, nos países latinoamericanos,
pode ser analisado por vários aspectos. Quais são eles?

Sara Pain O que tenho repetido é que há pelo menos dois tipos de fracasso escolar. E um terceiro, que o próprio sistema de ensino contabiliza como fracasso, mas que, na minha opinião, é um êxito do ponto de vista do papel que este sistema cumpre em nossas sociedades. O raciocínio parece estranho, mas ele fica claro quando se leva em conta que uma das funções da escola é justamente a repetição do status quo da sociedade. Na minha opinião, se 50% dos estudantes das escolas públicas se perdem pelo caminho, são excluídos do sistema escolar ou saem dele com instrumentos muito fracos para seguir estudando é porque esta taxa atende às necessidades mínimas de reprodução do sistema.

Nova Escola Que necessidades da sociedade são essas que levam a escola a expulsar
tanta gente?

Sara Pain Esses 50% serão a mão-de-obra barata da sociedade, que hoje é um pouco melhor do que aquela de épocas anteriores, porque a produção está mais exigente. Mas, mesmo assim, continuam sendo trabalhadores desqualificados, que não obtêm da escola os instrumentos para mudar a qualidade de sua vida. Para agravar, tais pessoas passam ainda por um processo de degradação cultural, ou de aculturação. A escola tira essas crianças da cultura oral, por exemplo, e não é capaz de lhes dar uma boa cultura letrada. Nesse sentido é que considero esse fracasso como intencional, como um êxito do sistema.

Nova Escola E o que a senhora vê realmente como fracasso escolar na escola?

Sara Pain O primeiro tipo é aquele fracasso das crianças, vindas de famílias pauperizadas, que não aprendem porque já chegam prejudicadas à escola. Seja porque não têm o vocabulário exigido por essa escola, ou não convivem com um ambiente letrado em casa, ou ainda porque não possuem os materiais mais simples, como um caderno ou um lápis. O segundo tipo é o fracasso mais pontual, aquele das crianças que não se adaptam ao sistema escolar por problemas orgânicos, corporais ou emocionais. Este é que deve ser objeto de tratamento clínico da psicopedagogia.

Nova Escola De que maneira a escola deve agir para evitar o chamado fracasso social?

Sara Pain Penso que a escola deve trabalhar sempre para demonstrar que,
apesar de tudo, estas crianças podem aprender tanto quanto as outras. Nesse
aspecto, o professor cumpre um papel decisivo. Mas não podemos cair na
armadilha de acreditar que a solução do fracasso social está nas mãos da escola
ou do professor. Esta situação só será resolvida com a diminuição das
desigualdades sociais e com uma distribuição de renda mais justa. Sem estas, o
fracasso social pode ser solucionado aqui e ali, mas nunca erradicado.

Elvira de Oliveira
Para saber mais
Livros de Sara Pain publicados no Brasil:
- Psicopedagogia Operativa
- A Função da ignorância — Estruturas inconscientes do Pensamento
- A Função da Ignorância — A Gênese do inconsciente
- Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem
(todos editados pela Artes Médicas, de Porto Alegre, RS); e
- Psicometria Genética, Casa do Psicólogo, SP.
ENTREVISTA DE SARA PAIN Á NOVA ESCOLA

A psicopedagoga argentina condena a “transmissão mecânica dos conteúdos” e conta como trabalha para formar gente capaz de pesquisar e construir seu próprio conhecimento, condição indispensável para que as crianças pobres deixem de ser cidadãs de segunda classe Argentina radicada há 15 anos na França, a professora Sara Pain é, aos 61 anos, uma das maiores autoridades mundiais em sua área. Psicopedagoga, ela se dedica desde a década de 50 a investigar prioritariamente as dificuldades de prendizagem, que sempre atingem em maior grau as crianças de classes populares. Nos anos 60 e início dos 70, foi professora de Psicologia da
Inteligência e da Educação na Universidade Nacional de Buenos Aires e Mar del Plata. Forçada a sair de seu país em 1977 pela ditadura militar (que vigorou na Argentina de 1976 a 1986), dirigiu até os anos 80 projetos sobre problemas da inteligência e aprendizagem, desenvolvidos pela Unesco, em vários países do Terceiro Mundo. No mesmo período, trabalhou como pesquisadora associada no Centro de Epistemologia Genética, coordenado por Jean Piaget em Genebra, na
Suíça. E iniciou contatos com educadores brasileiros, tornando-se consultora científica de escolas e instituições de pesquisa do país, entre estas o Geempa (Grupo de Estudos sobre Educação e Metodologia de Pesquisa e Ação), de Porto Alegre (RS). A professora leciona atualmente em universidades francesas. Além disso, coordena um projeto de educação sistemática, voltado aos alunos das escolas públicas de Mar del Plata e da província de Córdoba, na Argentina. Esse
projeto procura oferecer aos alunos a oportunidade de se tornarem autodidatas já na escola primária. Nesta entrevista, Sara Pain detalha os objetivos do projeto e discute algumas de suas idéias contundentes sobre o papel e a atuação do sistema de ensino público nos países latino-americanos.
Nova Escola A senhora diz que apesar de alguns avanços, as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar continuam sendo a tônica nos sistemas de ensino público. Como isso se explica?

Sara Pain Acredito que no Brasil, e em alguns países latino-americanos que conheço mais de perto, as dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças não indicam que elas sejam menos capazes, mas se devem aos sistemas escolares, que continuam muito presos às técnicas de ensino e a uma transmissão mecânica dos conhecimentos já prontos e acabados. O resultado, todos sabemos, é o grande número de crianças reprovadas. Mas, mesmo que estas reprovações não acontecessem, a forma de transmissão dos conhecimentos já seria, como é, um grande problema. Porque ela resulta num aproveitamento muito pequeno das muitas horas passadas na sala de aula. Na maioria dos casos, as crianças continuam entrando e saindo das escolas sem aprender a pensar. Mesmo aquelas que são aprovadas.

Nova Escola O que precisa ser feito para mudar essa situação?

Sara Pain Para termos o salto de qualidade que queremos, penso que deve haver uma alteração substantiva nos princípios e na organização dos sistemas de ensino. Estes devem ter como objetivo último oferecer condições para que todos os alunos sejam capazes de possuir autonomia frente ao conhecimento construído socialmente. Além disso, para que o suplício da evasão e da repetência deixe de ocorrer, principalmente nas classes menos favorecidas, o sistema precisa se organizar numa programação permanente, na qual a criança avance sempre. Mesmo que umas sigam mais rapidamente que outras.

Nova Escola Esta programação que a senhora sugere está sendo aplicada na experiência
que vem sendo desenvolvida na Argentina?

Sara Pain Sim, ela se baseia nesta experiência, que é produto de quase duas décadas de pesquisas e estudos. Ela se iniciou na década de 70, com o trabalho desenvolvido em escolas situadas nos bairros mais pobres de Mar del Plata e da província de Córdoba. A meta de nosso grupo de trabalho era estabelecer uma prática de ensino que se antecipasse e prevenisse os problemas escolares dessas populações pauperizadas.
Nova Escola essa prática de ensino vem se mantendo nos mesmos moldes até hoje?

Sara Pain Ela evoluiu bastante e sofreu algumas modificações no funcionamento, em decorrência das dificuldades impostas pela ditadura que se instalou em meu país, com o golpe militar de 1976. Muitos de nós fomos perseguidos mas algumas experiências passaram despercebidas pela ditadura e continuaram sendo tocadas. Com o fim da ditadura, em 1986, fui chamada pelo Ministério da Cultura para retomar a orientação do programa, agora numa forma mais ampliada. Nessa segunda fase, minha atuação não está mais ligada diretamente ao atendimento dos alunos, mas à orientação dos coordenadores e professores.

Nova Escola A experiência propõe uma nova metodologia de ensino?

Sara Pain Não se trata exatamente de uma nova metodologia, mas de um programa cuja meta é desenvolver um ensino sistemático e mais racional na escola primária, que na Argentina tem sete anos. O objetivo deste programa e dar às crianças das classes menos favorecidas condições de pensar por si mesmas e aprender. Quando digo que nossa meta é dar-lhes condições de exercer plenamente sua cidadania, é porque acredito que, hoje, elas crescem e são levadas a se posicionar na sociedade como cidadãs de segunda classe.

Nova Escola Como a escola pode contribuir para que as crianças das classes populares
se tornem cidadãs de primeira classe?

Sara Pain Dando oportunidade a essas crianças de ter uma educação continuada. Dificilmente elas podem permanecer nas escolas após o curso primário, por razões sociais e econômicas bem conhecidas. O que propomos, então, é que pelo menos nesses anos de escolaridade essas crianças sejam instrumentadas para continuar, mais tarde, aprendendo por si, para que se tornem autodidatas. Queremos que elas tenham condições de se transformar em melhores leitores e escritores.

Nova Escola O que significa para a senhora ser um leitor e escritor melhor?

Sara Pain Significa ir muito além da simples alfabetização. A questão não é ensinar a ler e escrever para nada. A alfabetização não pode ser um fim mas um meio. O importante é ensinar a ler e a escrever para que a pessoa use esses instrumentos em sua vida cotidiana. E não só para ser um trabalhador mais completo, mas para viver melhor em todos os sentidos.
Nova Escola Como é que os estudantes, já a partir do curso primário, podem se
transformar em autodidatas?

Sara Pain Os princípios desse tipo de educação são a racionalização e a construção do conhecimento. A partir da ação das crianças procuramos orientálas no sentido da construção dos seus próprios conhecimentos, e de maneira a que possam dizer como chegaram a esse conhecimento. Na prática isto significa que nunca trabalhamos com conhecimentos prontos. Ao contrário, os alunos são estimulados a questionar, duvidar e perguntar sempre. O primeiro passo é que eles possam perguntar e saber como os sábios ou os cientistas chegaram a tal ou qual conhecimento, por que ele foi construído daquela maneira e a quais necessidades respondia ou responde. Nada deve ser apresentado como informação pura e simples, e sim acompanhado dos processos históricos que permitiram a sua construção, que envolveram várias pessoas.

Nova Escola É uma programação centrada na história do conhecimento?

Sara Pain Nosso interesse não é tanto com a história do conhecimento, mas com a maneira como esse conhecimento se faz e pode ser interpretado. Queremos que as crianças compreendam como trabalha um historiador, um engenheiro ou um físico. Normalmente, as escolas apresentam aos alunos umas tantas fórmulas físicas, por exemplo, que foram descobertas por este ou aquele pesquisador, e querem que todos memorizem os dados. Entendemos que essa memorização não serve de nada, pois mesmo que os conceitos ou fórmulas sejam importantes para a vida das pessoas, elas não terão condições e nem instrumentos para fazer as transferências necessárias. A informação perde o sentido, não se transforma em conhecimento. Nossa segunda preocupação é que as crianças estejam em sintonia com o mundo de hoje, tenham idéia dos avanços do conhecimento da ciência.
Nova Escola E como isso é possível, sem que haja um empobrecimento do ensino?

Sara Pain É um equívoco pensar que a escola sozinha pode dar conta de todo o conhecimento acumulado. Mesmo que as pessoas passassem a vida toda nos bancos escolares isso não seria possível. A escola precisa fazer um recorte consciente do que considera fundamental e trabalhar para despertar, em seus alunos, a curiosidade e o prazer de aprender.
Nova Escola A senhora acredita que estas são as condições para que as crianças possam
também produzir conhecimento?

Sara Pain Penso que este é o começo, um bom começo. Nosso propósito é que as crianças possam discutir quais são os problemas fundamentais da ciência hoje. Que elas saibam, por exemplo, qual a importância de podermos ver e medir o infinitamente pequeno e o imensamente grande. Ou, então, como a descoberta da teoria da relatividade mudou nossa percepção do universo.

Nova Escola Esses procedimentos bastam para mudar a qualidade do ensino?

Sara Pain Eles contribuem fortemente para isso, mas só funcionam, de fato, quando existe a vontade real de mudança. Pois requerem uma nova postura de todo o sistema de ensino, que parta do princípio de que as crianças têm o direito de aprender tudo isso. E de que para elas é muito mais interessante questionar, discutir, do que receber tudo mastigado. Além disso, tais procedimentos mudam a perspectiva do aprendizado, pois com eles o conhecimento ganha novo significado.

Nova Escola Nesse programa as turmas de alunos são organizadas em classes ou séries,
como nas escolas brasileiras?

Sara Pain Nos primeiros anos de escolaridade as turmas são organizadas em classes, já que as crianças ainda não possuem autonomia de estudo ou pesquisa. Mas não existe a seriação, e sim unidades de trabalho. Além disso, é uma exigência do programa que essas classes iniciais tenham um número limitado de alunos. Assim, no primeiro ano elas são compostas por 20 alunos, no segundo não podem passar dos 25. E, no terceiro, chegam aos 30 alunos. Daí em diante, e até o sétimo ano, as classes podem crescer bem mais.

Nova Escola As classes chegam a ter quantos alunos?

Sara Pain Hoje temos algumas turmas de quinto e sexto anos com mais de 60 alunos. No sétimo ano, as turmas funcionam normalmente com centenas de alunos numa classe, pois aí o autodidatismo já está suficientemente sedimentado. Eles participam de conferências e discussões e partem para investigar e aprofundar os temas sozinhos, tendo atrás de si toda a orientação e os materiais necessários. Dessa forma, as verbas para o ensino são racionalizadas e podem ser mais bem distribuídas nas turmas iniciais.

Nova Escola Como são feitas as avaliações e a promoção dos alunos no programa?

Sara Pain Como nossa programação é baseada em unidades de trabalho, não há repetência. A criança começa a estudar uma unidade no início do ano e, no final, se não conseguiu completá-la, retoma no ano seguinte de onde parou. Isto também faz com que as verbas para o projeto possam ser repartidas mais racionalmente. Não há necessidade de contratar professores novos para acompanhar repetentes.

Nova Escola Qual é o papel do professor no programa de ensino?

Sara Pain Ele atua como um educador, já que seu objetivo é ter alunos autônomos. Para nós, o educador é aquele que tem suporte para analisar a realidade e projetar sobre ela certos interesses que estimulam os alunos a querer conhecer mais. Ao contrário do que muita gente pensa, o ensino que parte da realidade da criança, do conhecimento que ela já tem, não é um ensino espontaneista, no qual o professor é só figurante.

Nova Escola Para ser um educador, o professor precisa ter uma formação diferenciada?

Sara Pain Ele precisa ser bem formado, ter uma bagagem sólida, como de resto todos os professores precisam. Aqueles que trabalham no programa, porém, passam por um treinamento, já que não podemos estimular a autonomia se nós próprios não sabermos bem o que é isso.

Nova Escola Como é a prática desses professores na sala de aula?

Sara Pain Tudo é uma questão de mudança de atitudes frente ao aluno e ao processo de ensino. Os professores devem exercer sua autonomia plena até para saber onde buscar os profissionais que dominam conhecimentos que eles não têm. Nós tivemos o caso de uma turma que estava trabalhando medidas e o professor sabia, por exemplo, calcular a altura de uma pessoa ou de uma montanha em relação ao nível do mar, mas não tinha idéia de como esse conceito fora construído. Para saber mais, procurou um geógrafo do Instituto de Cartografia, que lhe explicou detalhadamente todo o processo. E este foi reproduzido depois, na discussão com os alunos.
Nova Escola Quantas turmas já completaram todo o ciclo da programção?

Sara Pain Este ano estamos com a terceira geração de crianças completando todo o ciclo, que é organizado para ser percorrido em sete anos. Essas três gerações são uma prova contundente de que essa programação de ensino funciona e pode ser feita.

Nova Escola E essa programação pode ser generalizada para toda a rede de ensino?

Sara Pain Não acredito que o governo torne o programa nacional. Principalmente porque sua implantação, no início, é mais dispendiosa que a do sistema de ensino atual. Requer o treinamento e a atualização constante dos professores e necessita de escolas bem instaladas, com boas bibliotecas e laboratórios.

Nova Escola Qual é a abrangência do programa hoje?

Sara Pain Ele atinge cerca de um quarto das escolas da província de Córdoba e metade das escolas da periferia de Mar del Plata. Os responsáveis diretos pela programação hoje também não permitem sua expansão, até que existam mestres em condições de desempenhá-lo bem.

Nova Escola no Brasil, que trabalhos a senhora tem desenvolvido por aqui?

Sara Pain Meu contato com o Brasil é antigo e muito produtivo. Oriento teses e projetos na área de Psicopedagogia e sou consultora de algumas escolas particulares. O trabalho mais antigo, porém, desenvolvo em Porto Alegre (RS), onde sou consultora científica do Geempa desde 1982. A equipe do Geempa me chamou para assessorar nas discussões dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar. Partindo do pressuposto de que o desejo de aprender é inerente ao ser humano, começamos a questionar a relação aluno-professor e chegamos à conclusão de que este não-aprendizado, seguido pela evasão e repetência, é, na maioria dos casos, resultado da atitude do próprio professor, que acredita nos “limites” da criança mais pobre.
Nova Escola quais as conseqüências tiradas destas conclusões?

Sara Pain A primeira delas foi a de que era preciso desmitificar a pobreza, do ponto de vista antropológico e sociológico, junto aos professores. Nós acreditamos que a repetência e a evasão se reproduzem muito mais nessa faixa mais pobre porque os alunos desistem de aprender depois de vários anos de insucesso. Eles e suas famílias internalizam a idéia de que são incapazes mesmo.

Nova Escola Muitas das propostas do Geempa foram estendidas à rede municipal de
ensino de Porto Alegre durante os quatro anos em que a professora Esther Grossi
foi secretária da Educação. A senhora acompanhou este trabalho?

Sara Pain Acompanhei como observadora atenta e muito curiosa, pois achava que a equipe da Secretaria estaria enfrentando uma prova de fogo, levando-se em conta o acúmulo de tarefas, problemas e entraves que sempre existem em instituições como esta, normalmente de tendências burocráticas. Além disso, como esta seria a primeira vez que as idéias do construtivismo orientavam toda uma rede pública de ensino e atingiam milhares de crianças das classes populares ao mesmo tempo, estava bastante curiosa para ver a evolução do trabalho.
Nova Escola E como a senhora avalia a experiência desenvolvida?

Sara Pain Dentro das limitações, foi um trabalho extraordinário, feito com um ritmo e um entusiasmo elogiáveis. E acredito que isso se deve ao fato de que a equipe tinha, além de um método de ensino, convicções pedagógicas que davam coerência, fundamentação científica e seriedade a todas as ações implementadas. Nada que se fez foi feito gratuitamente. O mais importante para mim é que a experiência se orientou no sentido de permitir que as crianças pensassem sobre a própria construção da linguagem.

Nova Escola Quais são, então, as limitações a que a senhora se refere?

Sara Pain A única crítica que faço ao trabalho, e que já discuti muitas vezes com o pessoal do Geempa, pois ela se repete nas propostas do Grupo, é a de que ele ficou muito centrado na alfabetização. Isso é muito pouco ambicioso. Em nossos países não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade de ajudar as crianças a ampliar sua autonomia e domínio das formas de conhecimento. O trabalho deveria ir muito mais além, envolvendo, pelo menos, toda a escola primária. Acredito que só assim ele ganharia solidez e a garantia de que essa alfabetização será realmente útil, possibilitando às crianças condições de que continuem trabalhando para criar textos, para criar conhecimento.

Nova Escola E o que entravou o avanço do construtivismo para as outras séries?

Sara Pain para a alfabetização, que era necessário, foi tão enorme que não deixou espaço e
tempo para o segundo passo. Por outro lado, porém, há a questão do
construtivismo, que, na minha opinião, não conseguiu desenvolver ainda uma
visão de conjunto do processo de aprendizagem. Concentra forças na
alfabetização do sujeito, mas não tem idéia do cidadão que quer ver formado no
final da escola primária. Embora eu não negue que as idéias e ações do
construtivismo têm desempenhado um papel dos mais importantes para
diminuir, nos primeiros anos de escolaridade, o fracasso escolar em nossos
países.

Nova Escola Mas a senhora tem afirmado que o fracasso escolar, nos países latinoamericanos,
pode ser analisado por vários aspectos. Quais são eles?

Sara Pain O que tenho repetido é que há pelo menos dois tipos de fracasso escolar. E um terceiro, que o próprio sistema de ensino contabiliza como fracasso, mas que, na minha opinião, é um êxito do ponto de vista do papel que este sistema cumpre em nossas sociedades. O raciocínio parece estranho, mas ele fica claro quando se leva em conta que uma das funções da escola é justamente a repetição do status quo da sociedade. Na minha opinião, se 50% dos estudantes das escolas públicas se perdem pelo caminho, são excluídos do sistema escolar ou saem dele com instrumentos muito fracos para seguir estudando é porque esta taxa atende às necessidades mínimas de reprodução do sistema.

Nova Escola Que necessidades da sociedade são essas que levam a escola a expulsar
tanta gente?

Sara Pain Esses 50% serão a mão-de-obra barata da sociedade, que hoje é um pouco melhor do que aquela de épocas anteriores, porque a produção está mais exigente. Mas, mesmo assim, continuam sendo trabalhadores desqualificados, que não obtêm da escola os instrumentos para mudar a qualidade de sua vida. Para agravar, tais pessoas passam ainda por um processo de degradação cultural, ou de aculturação. A escola tira essas crianças da cultura oral, por exemplo, e não é capaz de lhes dar uma boa cultura letrada. Nesse sentido é que considero esse fracasso como intencional, como um êxito do sistema.

Nova Escola E o que a senhora vê realmente como fracasso escolar na escola?

Sara Pain O primeiro tipo é aquele fracasso das crianças, vindas de famílias pauperizadas, que não aprendem porque já chegam prejudicadas à escola. Seja porque não têm o vocabulário exigido por essa escola, ou não convivem com um ambiente letrado em casa, ou ainda porque não possuem os materiais mais simples, como um caderno ou um lápis. O segundo tipo é o fracasso mais pontual, aquele das crianças que não se adaptam ao sistema escolar por problemas orgânicos, corporais ou emocionais. Este é que deve ser objeto de tratamento clínico da psicopedagogia.

Nova Escola De que maneira a escola deve agir para evitar o chamado fracasso social?

Sara Pain Penso que a escola deve trabalhar sempre para demonstrar que,
apesar de tudo, estas crianças podem aprender tanto quanto as outras. Nesse
aspecto, o professor cumpre um papel decisivo. Mas não podemos cair na
armadilha de acreditar que a solução do fracasso social está nas mãos da escola
ou do professor. Esta situação só será resolvida com a diminuição das
desigualdades sociais e com uma distribuição de renda mais justa. Sem estas, o
fracasso social pode ser solucionado aqui e ali, mas nunca erradicado.

Elvira de Oliveira
Para saber mais
Livros de Sara Pain publicados no Brasil:
- Psicopedagogia Operativa
- A Função da ignorância — Estruturas inconscientes do Pensamento
- A Função da Ignorância — A Gênese do inconsciente
- Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem
(todos editados pela Artes Médicas, de Porto Alegre, RS); e
- Psicometria Genética, Casa do Psicólogo, SP.

DEUS E O RABINO

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Deus convidou um Rabino para conhecer o céu e o inferno.
Ao abrirem a porta do inferno, viram umas salas em cujo
centro havia um caldeirão onde se cozinhava uma suculenta sopa.
Em volta dela, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas.
Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido
que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não suas próprias bocas.
O sofrimento era imenso.
Em seguida, Deus levou o Rabino para conhecer o céu.
Entraram em uma sala idêntica a primeira,
havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta, as colheres de cabo comprido.
A diferença é que todos estavam saciados.
- Eu não compreendo - disse o Rabino - por que aqui as pessoas estão felizes,
enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?
Deus sorriu e respondeu:
- Você não percebeu?
É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros."
Pense nisso...


recebi essa postagem por email amei e estou dividindo com vcs

ALFABETIZAÇÃO REFLEXÃO I

sábado, 13 de fevereiro de 2010


Etimologicamnete, o termo alfabetizaçao quer dizer processo de aquisição do código escrito, mas é também um processo de compreensão e expressão de significados. portanto a alfabetização não é simplesmente a apropriação do código escrito: codificar e Decodificar , não se reduz apenas a um processo de associação entre grafemas (letra) e fonemas (sons)


O sistema de escrita alfabética na realidade é um sistema notocional. para ler e escrever o aprendiz precisa compreender como funciona esse sistema: descobrir o que a escrita representa e como a escrita representa.Descobrir e compreender que há uma relação entre os sons / fala e a escrita. Isso não se aprende por memorização e fixação, é preciso compreender a organização do sistema de escrita.


O alfabetizando necessita:

Compreender o que a escrita representa: que a escrita representa os sons da fala, que os grafemas - as letras, representam os fonemas, ou seja, os sons da fala podem ser representados pela escrita. Compreender como a escrita representa: como os grafemas as letras - se organizam nas palavras para representar os fonemas: os sons da fala.


Para que os alunos compreendam o que e o como a escrita representa entendendo como a relação fonema - grafema funciona no sistema alfábetico, é necessário realizar atividades de análise fonológica e estrutural das unidades lingüisticas, como reflexão metalingüística, isto é, pensar sobre a escrita.


Para aquisição da língua escrita, os alunos precisam entender como representar os fonemas em grafemas já que não há correspondência unívoca entre letras e fonemas. É importante ficar claro que a aquisição da língua escrita é principalmente a compreensão do que e o como a escrita representa com sentido


A aquisição da escrita não é apenas a apropriação de um código. As funções da escrita mostram a complexidade de língua que não pode ser reduzida apenas a um código, como por exemplo, a relação com sentido e a ligação da língua escrita a um conjunto cultural mais amplo


Nosso sistema de escrita é alfabético, cada som da fala (fonema) é representado por "letras" (grafemas).Mas a escrita não é uma simples codificação da oralidade. A visão da escrita apenas como notação da oralidade é uma visão reducionista da escrita. Isso não quer dizer que a oralidade não seja importante, as práticas de oralidade são fundamentais.


Nem todas os sistemas de escrita são fonéticos/ alfabéticos. O sistema de escrita ideográfico não representa sons e sim idéias. As escritas Chinésa e Tailandesa são exemplos de escritas ideográfica.


Saiba mais sobre alfabetização lendo: Amália Simonetti: O Desafio de alfabetizar e Letrar. 2008

Esther Pillar grossi: Didática da alfabetização, 1990 .Magda Soares: A Reinvenção da alfabetização. revista Presença Pedagógica.2203. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores PROFA 2006


reflexões teóricas Paic - Amália Simonetti

Avaliação e contrução da escrita erro esclarecedor

Na visão punitiva e classificatória da avaliação o erro é visto como algo que condena, rotula, determina e exclui o estudante do processo. Estamos aqui pontuando a visão do erro como resultante de uma hipótese incompleta feita pelo estudante: visto assim, cada erro possibilita uma rica oportunidade para a análise das formas de pensar, de operar, de sintetizar, identificando os elementos faltantes no processo, visando sua superação. Existem hipóteses que podem nos orientar na análise dos erros dos estudantes e na busca de superação dos mesmos, tais como: o estudante possui a estrutura de pensamento necessária à tarefa, sabe fazer, mas ocorre distração, falta de treino ou repetições necessários; é preciso verificar se o estudante selecionou procedimentos inadequados, faltando aprimorar conhecimentos construídos ou efetivar uma melhor fixação.


Como vemos, é um trabalho que o professor deverá realizar com perspicácia e engenho, pois cada aprendiz tem o seu tempo e as suas hipótese, que nunca deverão ser desconstruídas no ato de aprender a ler e escrever. Todas elas são válidas e deverão ser tomadas como momento pedagógico de aprendizagem.

Quanto ao erro, (ANASTASIOU, 2006, p.75), tem uma visão bastante elucidadora:

Métodos para a aprendizagem da leitura e da conseqüente escritura

Basicamente, a lingüística apresenta-nos dois métodos. O primeiro, fruto da escola tradicional, permaneceu em nossos educandários como dono da verdade e irrefutável até quase a década de oitenta quando começam a surgir os estudos da lingüística moderna e as reflexões psicogenéticas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985). Este método caracterizado pelas famosas cartilhas, sendo chamado de modelo sintético, por partir do fonema para os textos, ou seja, apoiando-se em realidades desprovidas de significado para o aprendente, mas que mecanicamente fazia-o chegar a uma unidade mais inteligível que seria a palavra. O outro método, esse apresentado por Paulo Freire e pela própria Emília Ferreiro que, numa primeira fase, apresenta o modelo sintético na aquisição dos vários níveis de escrita (níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e, finalmente o alfabético), mas que também, demonstra a importância do método analítico-global que parte do texto para o fonema, fazendo, assim, o sentido inverso. Aqui, o aluno aprende primeiro uma série de palavras providas de significados para ele e, somente depois, parte para a associação entre os sons e suas partes, podendo, ainda, serem apresentados textos inteiros em que o professor lê para os alunos os quais acompanham a leitura com o mesmo texto, tentando familiarizar-se com a linguagem escrita. A partir desse contato lingüístico vão aprendendo palavras, seguidas das sílabas, fonemas e grafemas. Assim vemos, que a figura do professor e sua prática pedagógica é de fundamental importância para o sucesso do método. Ele deverá está sempre lendo, ou melhor, interpretando (dando ênfase aos suprasegmentos), sempre acompanhado pela classe que deverá ser motivada a se portar numa atitude de escuta. Esses alunos serão, ainda, motivados a escreverem, copiando textos com base em uma situação pré-existente, por exemplo, poderão ouvir poemas e recomporem os mesmos através de cópias ou colagem, em seus cadernos de poemas favoritos; o mesmo poderá acontecer com os vários gêneros textuais em uso na sociedade. As leituras em voz alta por parte dos estudantes poderão ser substituídas por encenações de situações que foram desenhadas e ilustradas a partir do texto interpretado pelo professor. Assim, mesmo sem ainda, a presença do código formal, que na maioria das vezes, só é decodificado como se fosse um verdadeiro ato de leitura, o aluno entende o texto como processo de produção de sentido.

São essas práticas de ensino da leitura e da escrita, que a história conheceu: dois métodos que desejam chegar ao mesmo objetivo: a fluência da leitura e da escritura. Para nossos dias, devido a globalização e o grande fluxo de textos que circulam, sobretudo nos meios urbanos, cremos que a prática do modelo global seja mais efetiva para uma aquisição de leitura e escrita que leve o aluno a fazer interpretações e inferências mais críticas e, conseqüentemente, ao desejo de transformar o seu contexto social.

Esse tipo de ensino tem se mostrado bem mais eficaz e efetivo, já que leva os aprendentes a aprenderem a partir de textos reais, e com sentido.

Conforme (Lira, 2006, p 130)
parte de um artigo do prof. Msc Francisco Edson Garcês Carneiro Lira

Lei do Caminhão de Lixo.

Um dia peguei um taxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa, quando de repente um carro preto saltou do estacionamento na nossa frente.
O taxista pisou no freio, deslizou e escapou do outro carro por um triz!

O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo
um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigavel.

Indignado lhe perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro e nos manda para o hospital!'

Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de "A Lei do Caminhão de Lixo."

Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva, traumas e de desapontamento. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente. Não tome isso pessoalmente. Isto não é problema seu!

Apenas sorria, acene, deseje-lhes o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, EM CASA, ou nas ruas. Fique tranquilo... respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR.

O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragarem o seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo. Limpe os sentimentos
ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustações.
Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem.

valorizar as qualidades

A Fábula das Ferramentas

Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia.
Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa?
Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa.
Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho.
Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.
Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: - "Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremos-nos em nossos pontos fortes".
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.
Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.
Ocorre o mesmo com os seres humanos.
Basta observar e comprovar.
Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.
Mas encontrar qualidades... Isto é para os sábios!!!!

A VAQUINHA

Um Mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita ...
Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando ao sítio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeiras, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas ...
Então se aproximou do senhor aparentemente o pai daquela família e perguntou: Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho, então como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
"Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nós produzimos queijo, coalhada, etc ... para o nosso consumo, e assim vamos sobrevivendo".
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo".
O jovem arregalou os olhos espantando e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem. Assim, empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo àquela família, pedir perdão e ajudá-los.
Assim fez, e quando se aproximava do local avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sítio para sobreviver, "apertou" o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
Continuam morando aqui.
Espantado ele entrou correndo na casa, e viu que era mesmo a família que visitara com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha): Como o senhor melhorou este sítio e está tão bem de vida ???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, daí em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora ...
Ponto de reflexão:
Todos nós temos uma vaquinha que nos dá alguma coisa básica para sobrevivência e uma conveniência com a rotina. Descubra qual, a sua ...
Aproveite esse novo ano para empurrar sua "vaquinha" morro abaixo.

Deixe florescer o que há de bom em você


Era um canteiro que ficava na janela.
Cheio de flores coloridas, chamavam-se Onze Horas,
e como seu nome, abriam-se àquela hora,
alegrando o final da manhã.
Amarelas, brancas, laranjas, rosas...
Flores de sementes cuidadosamente plantadas,
com amor e carinho.
Lembravam o pedacinho lúdico,
que ainda restava dentro de mim.
Enchia-me de alegria vê-las pela manhã
e corresponder ao sorriso que sempre me davam,
quando abria a janela nos intervalos do trabalho.
Mas o tempo passou e as coisas se modificaram,
não havendo mais espaço para o canteiro,
que foi esquecido debaixo da escada, onde não havia luz.
Dois anos se passaram e revirando debaixo da escada,
o canteiro foi encontrado.
Apenas um torrão de terra seca e sem vida...
Por acaso, exposto ao sol e a chuva,
sem qualquer cuidado ou tratamento,
exibiu na primeira semana:
Pequenas folhas verdinhas;
Na terceira semana:
Tímidas flores coloridas;
E no final do primeiro mês:
Era o mesmo canteiro de flores
exuberantes e sorridentes, o que me deixou maravilhada
e ao mesmo tempo arrependida de ter desistido do canteiro...
Quantas sementes boas temos guardadas em nossos corações?
Quantas lembranças boas, quanto sorriso, quanto desejo,
quanta força...
Porque permitimos que as lutas diárias,
que as pedras do caminho nos impeçam de florir...
Porque pacificamente, dia-a-dia nos tornamos
canteiros de terra seca, infrutíferos, cabisbaixos
e sem perspectivas?
Olhe dentro de você e verás que há sementes
esperando apenas um pouco de luz e calor
para florescer...
É só se dar uma chance.

ALFABETIZAÇÃO: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM OU EQUÍVOCO DE ENSINAGEM?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

•O QUE É ESCRITA?
•QUAL SUA IMPORTÂNCIA SOCIAL?
•NEM TODO SOM É REPRESENTADO APENAS POR UMA LETRA;
NEM TODA LETRA REPRESENTA UM ÚNICO SOM.
Se a escola ensinasse desde o início esses três conceitos fundamentais sobre a linguagem escrita, dificilmente teríamos tantas crianças rotuladas como incapazes de aprender a ler e a escrever!

Não é de hoje que muito temos nos preocupado com o número de crianças, no início do processo de alfabetização, que são encaminhadas para clínicas especializadas com a queixa comum: elas não estão se “alfabetizando”. A preocupação de pais e professores é generalizada e não fica restrita à classe social que tem condições de pagar profissionais como Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos e outros. As crianças de famílias mais carentes são vítimas dessa “síndrome” e muitas delas têm seu destino vaticinado por esse rótulo: distúrbio de aprendizagem.
Para contribuir concretamente, a primeira providência seria esclarecer o que são, de fato, considerados distúrbios de aprendizagem. Como não temos o espaço gráfico nem a competência necessária para clarificar tal conceito, limitar-nos-emos a tecer alguns breves comentários sobre que seja, de fato, alfabetizar.
De imediato podemos afirmar que alfabetizar está muito longe de ser a reunião de letras e sílabas para formar palavras.
Esse entendimento sobre a alfabetização já seria o suficiente para que tirássemos da fila de espera muitos alunos que foram encaminhados para o diagnóstico e aguardam laudo nas clínicas particulares e públicas.
Em segundo lugar, precisamos com urgência compreender que nossas crianças (de 5, 6, 7...9 anos) não se sujeitam mais maciçamente aos processos de ensino da mesma forma que faziam as crianças da década de 70, 80 ou 90. Algumas se rebelam conscientemente e usam atos indisciplinados para representar essa frustração. Outras, menos cientes do que lhes sucede, recolhem-se nos mais diferenciados modos de introspecção.
Todas elas nasceram depois da morte da Dolly (clone de ovelha). Só isso já dá a dimensão exata da evolução da ciência e da tecnologia que não ficou parada também no concernente às áreas da Psicologia do Desenvolvimento Humano e da Lingüística.
Independente dos encaminhamentos da escola e da educação familiar, essa criança continua aprendendo com a velocidade da luz e interagindo com o mundo adulto de forma nunca antes avistado: os que podem transitam pelo uso de todos os eletroeletrônicos, tendo acesso às informações globalizadas. Os outros desenvolveram competências de sobrevivência e abrangências na maneira de apreender o mundo e subjugá-lo às suas necessidades.
Logo, quem precisa de urgente mea culpa com relação ao processo aquisição da leitura e da escrita é a escola.
Isso seria facilmente resolvido se os alfabetizadores iniciassem o processo e aquisição da linguagem escrita (desde a Educação Infantil) desvelando para o aprendiz o principal conceito desse longo caminhar: o que é a língua escrita.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, desde 1996, deixaram clara essa questão: para aprender a ler o aluno precisa pensar sobre e escrita, pensar o que a escrita representa e pensar sobre como a escrita representa a fala. Para isso o aluno precisa ler embora ainda não saiba ler e escrever embora ainda não saiba escrever.
Há de se convir que é bastante complicado para a criança compreender que a escrita é um sistema de representação da fala partindo de exercícios com letras e sílabas e de frases sem nexo algum como as famosas A baba do boi é boa, A mula mói limão, Papai passa pomada na panela, ou, como me contaram, que em Portugal O leão Liote papa papoula.
Também não cremos que a apropriação da escrita venha espontaneamente e que, sozinho, o aluno se alfabetiza, bastando estimulá-lo e deixá-lo em um ambiente alfabetizador. O sistema de escrita é complexo e necessita de mediação competente e consciente.
Consciente, por exemplo, da necessidade de se trabalhar intensamente a importância que a escrita tem na sociedade e sua função nas mais diferenciadas atividades humanas, especialmente para as crianças oriundas de famílias analfabetas.
O terceiro aspecto diz respeito ao fato de ainda haver escola que acredite e ensine que cada letra representa um som e vice-versa. Isso só ocorre com seis letras (b, d, f, p, t, v) e um dígrafo (nh). As outras relações entre letra e som não são regulares, pois dependem da origem da palavra (memória etimológica).
Enfim, para ensinar a ler e a escrever bem, além de refletir sobre a organização da escrita com as crianças, é necessário que o professor planeje e organize práticas de uso real da língua escrita, onde se escreva para ser lido e se leia o que a sociedade produz de interessante e estimulante para adulto e crianças.
Enquanto as crianças não são autônomas nesse processo, há que se escrever e ler para o aluno, pelo aluno e com o aluno, de modo que ele construa o conceito colocado por Vygotsky: é possível desenhar a própria fala.

Sandra Bozza
Professora de Metodologia
da Língua Portuguesa

TEORIAS DA APRENDIZAGEM




BEHAVIORISMO

("Teóricos do Comportamento")

Definição

Teoria da aprendizagem (humana e animal) que se centra apenas nos "comportamentos objectivamente observáveis" negligenciando as actividades mentais... A aprendizagem é simplesmente definida como a aquisição de um novo comportamento.

Princípios do Behaviorismo

A forma mais simples de aprendizagem é a habituação, isto é, a diminuição da tendência para responder aos estímulos que, após uma exposição repetida, se tornaram familiares. O organismo aprende que já encontrou um dado estímulo numa situação anterior.

O "condicionamento" é um processo universal de aprendizagem:

1) Condicionamento clássico : engloba o reflexo natural de resposta a um estímulo. O organismo aprende a associar dois estímulos :

- o EI (estímulo incondicionado) - que surge antes do condicionamento e evoca uma RI (resposta incondicionada);

- o EC (estímulo condicionado) - estímulo que se emparelha sucessivamente ao EI e que acaba por evocar uma RC (resposta condicionada) em geral semelhante à RI.

2) Condicionamento instrumental (operante) : que envolve o reforço da resposta ao estímulo. Trata-se de um simples sistema de retroacção (feedback) que obedece à lei do efeito de Thorndike segundo a qual a tendência para realizar a resposta é fortalecida se esta for seguida de recompensa (reforço) e enfraquecida se não o for. Ao contrário do que acontece no "condicionamento clássico" - em que a RC é evocada pelo EC - no "condicionamento operante" a "RC é emitida do interior do organismo" (Skinner).

Críticas:

a) Não leva em conta algumas capacidades intelectuais das espécies superiores;

b) Não explica alguns tipos de aprendizagem , como por exemplo o reconhecimento de padrões de fala diferentes detectados em bebés que não tinham sido antes reforçados para tal;

c) Não explicam alguns dados conhecidos de adaptação, por parte de alguns animais, dos seus comportamentos (previamente reforçados ) em novos contextos...



O CONSTRUTIVISMO
Definição:

Teoria da Aprendizagem que parte do pressuposto de que todos nós construimos a nossa própria concepção do mundo em que vivemos a partir da reflexão sobre as nossas próprias experiências.

Cada um de nós utiliza "regras" e "modelos mentais" próprios (que geramos no processo de reflexão sobre a nossa experiência pessoal), consistindo a aprendizagem no ajustamento desses "modelos" a fim de poderem "acomodar" as novas experiências...

Princípios do Construtivismo

1) A Aprendizagem é uma constante procura do significado das coisas. A Aprendizagem deve pois começar pelos acontecimentos em que os alunos estão envolvidos e cujo significado procuram construir...

2) A construção do significado requer não só a compreensão da "globalidade" como das "partes" que a constituem. As "partes" devem ser compreendidas como integradas no "contexto" das "globalidades". O processo de aprendizagem deve portanto centrar-se nos "conceitos primários" e não nos "factos isolados".

3) Para se poder ensinar bem é necessário conhecer os modelos mentais que os alunos utilizam na compreensão do mundo que os rodeia e os pressupostos que suportam esses modelos.

4) Aprender é construir o seu próprio significado e não o encontrar as "respostas certas" dadas por alguém.

(Jackeline e Martin BROOKS : "The Case for Constructivist Classrooms)



A PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTALISTA DE PIAGET

Definição

Modelo que se baseia na ideia de que a criança, no seu desenvolvimento, constrói estruturas cognitivas sofisticadas - que vão dos poucos e primitivos reflexos do recém-nascido até às mais complexas actividades mentais do jovem adulto. De acordo com Piaget, a estrutura cognitiva é um "mapa" mental interno, um "esquema" ou uma "rede" de conceitos construidos pelo indivíduo para compreender e responder às experiências que decorrem dentro do seu meio envolvente.

Princípios

A teoria de Piaget identifica quatro estádios de desenvolvimento e um conjunto de processos através dos quais acriança progride de um estádio a outro:

1) Estádio Sensório-Motor ( do nascimento aos 2 anos) - a criança, através de uma interacção física com o seu meio, constrói um conjunto de "esquemas de ac¡ão" que lhe permitem compreender a realidade e a forma como esta funciona.Acriança desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói alguns esquemas sensório-motores coordenados e é capaz de fazer imitações genuínas (adquirindo representações mentais cada vez mais complexas);

2) Estádio Pré-Operatório (2 - 6 anos) - a criança é competente ao nível do pensamento representativo mas carece de operações mentais que ordenem e organizem esse pensamento. Sendo egocêntrica e com um pensamento não reversvel, a´criança não é ainda capaz, por exemplo de conservar o número e a quantidade.

3) Operações Concretas (7 - 11 anos) - conforma a experiência física e concreta se vai acumulando, a criança começa a conceptualizar, criando "estruturas lógicas" para a explicação das suas experiências mas ainda sem abstracção.

4) Operações Formais (11- 15 anos) - Como resultado da estruturação progressiva do estádio anterior a criança atinge o raciocínio abstracto, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis e sendo capaz de pensar cientificamente.



A perspectiva das NEUROCIÊNCIAS


Definição

As neurociências dedicam-se ao estudo do sistema nervoso humano, ao estudo do cérebro e das bases biológicas da consciência, da percepção, da memória e da aprendizagem.

Princípios

* O sistema nervoso e o cérebro são as bases físicas/biológicas do nosso processo de aprendizagem,o suporte material do funcionamento intelectual

* O suporte material do funcionamento intelectual, surge como um órgão composto por três cérebros: o arqueocortex (cérebro "réptil", que data de há 250 milhões de anos), que controla as funções básicas sensório-motoras, assegurando as relações com o meio e a adaptação; o paleocortex (cérebro "límbico", que data dos "mamíferos", há 150 milhões de anos), que controla as emoções elementares (medo, fome, ...), o instinto genésico (relativo à procriação), a memória, o olfacto e outros instintos básicos; o "neocortex" (que data dos novos mamíferos de há algumas centenas de milhares de anos), que representa cerca de 85% da massa cerebral e que controla a cognição, o raciocínio a linguagem e a inteligência.

* O cérebro não é um computador - A estrutura das conexões neuronais no cérebro é livre, flexível, "como que uma teia", sobreposta e redundante. Para um sistema como este é impossível funcionar como qualquer computador de processamento linear ou paralelo. A melhor descrição do cérebro será vê-lo como "um sistema auto-regulável".

* O cérebro altera-se com o uso através de toda a vida. A concentração mental e o esfor¡o alteram a estrutura física do cérebro.

* Os neurónios (células nervosas), conectados entre si através das "dendrites", são cerca de 100 biliões e podem ter entre 1 e 10 000 sinapses cada um. A complexidade das conexões possíveis é incalculável e o próprio padrão das conexões sinápticas pode alterar-se com o uso do cérebro, isto é, após uma conexão sináptica estabelece-se um padrão que faz com que essa mesma conexão seja mais fácil numa próxima vez (resultando mesmo numa alteração física da sinapse), como acontece por exemplo no campo da memória.



AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
(Howard Gardner)

Definição

Teoria desenvolvida por Gardner que sugere a existência de pelo menos 7 inteligências distintas, isto é, de 7 distintas maneiras de perceber e "conhecer" o mundo e de as pessoas resolverem os problemas que lhes surgem, correspondendo de alguma forma a 7 estilos de aprendizagem.

Princípios

Gardner
define "Inteligência" como um conjunto de competências que:

é autónomo das outras capacidades humanas;

tem um núcleo base de operações de "processamento de informação";

tem uma história diferenciada de desenvolvimento (estádios de desenvolvimento por que todas as pessoas passam);

tem raízes prováveis na evolução filogenética; e

pode ser codificada num sistema de símbolos .

As sete inteligências identificadas por Gardner são:

Verbal / Linguística - A habilidade para "brincar com as palavras", contar histórias, ler e escrever. A pessoa com este estilo de aprendizagem tem facilidade em recordar nomes, lugares, datas e coisas semelhantes;

Lógica / Matemática - A capacidade para "brincar com as questões", para o raciocínio e pensamento indutivo e dedutivo, para o uso de números e resolução de problemas matemáticos e lógicos;

Visual / Espacial - Habilidade para visualizar objectos e dimensões espaciais, para criar "imagens" internas. Este tipo de pessoas adoram desenhar, pintar, visitar exposições, visualisar slides, videos e filmes...

Somato-Quinestésica - Conhecimento do corpo e habilidade para controlar os movimentos corporais. As pessoas com este "tipo de inteligência" movem-se enquanto falam, usam o corpo para expressar as suas ideias, gostam de dançar, de praticar desportos e outras actividades motoras.

Musical - Rítmica - Habilidade para reconhecer sons e ritmos; trata-se de pessoas que gostam de ouvir música, de cantar e até de tocar algum instrumento musical.

Interpessoal - Capacidade de relacionamento interpessoal. São pessoas que estão sempre rodeadas de amigos e gostam de conviver.

Intrapessoal - Auto-reflexão, metacognição e consciência das realidades espirituais. São pessoas que preferem "estar sós" e pouco dadas a convívios.

(Gardner - Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences)



OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM

Definição

Teoria da Aprendizagem que parte da ideia de que os indivíduos têm diferentes maneiras de "perceber" e de "processar a informação" o que implica diferenças nos seus processos de aprendizagem.

Princípios

O conceito de "estilos de aprendizagem" tem a sua raíz na Psicologia, especialmente na classificação dos "tipos psicológicos" (C. Jung).

Das interacções entre os dados genéticos do indivíduo e as exigências do meio resultam diferentes formas de recolher e processar a informação, podendo apontar-se os seguintes tipos:

Relativamente à Recolha da Informação :

Os Concretos - recolhem a informação através da experiência directa, fazendo e agindo, percebendo e sentindo;

Os Abstractos - Recolhem a informação através da análise e observação, pensando...

Relativamente ao Processamento da Informação :

Os Activos - Fazem imediatamente qualquer coisa com a informação que recolheram da experiência;

Os Reflexivos - Após a recolha de novas informações pensam nelas e reflectem sobre o assunto.

(McCarthy - Teaching to Learning Styles with Right/Left Mode Techniques)





A APRENDIZAGEM CONSCIENTE

" De acordo com os resultados dos estudos experimentais em pedagogia podemos definir sete estádios de aprendizagem humana ao longo de toda a vida ...

Primeiro Estádio: Aprendizagem de sinais em função de estímulos-respostas, quer vegetativos, quer involuntários;

Segundo Estádio: Aprendizagem das relações estímulos-respostas musculares ou voluntárias;

Terceiro Estádio: Aprendizagem de cadeias mentais ou verbais;

Quarto Estádio: Aprendizazgem de uma discriminação múltipla, isto é, escolha voluntária entre várias respostas em função de um estímulo dado;

Quinto Estádio: Aprendizagem de um conceito, isto é, escolha entre várias respostas em função de vários estímulos;

Sexto Estádio: Aprendizagem de um princípio, isto é, combinação de conceitos que conduzem ao conhecimento, no quadro de um contexto.

Sétimo Estádio: Aprendizagem da resolução de um problema, isto é, reflexão tendo em conta o meio.

"É preciso insistir no facto de os processos de aprendizagem serem baseados no sistema de comunica¡ão entre o cérebro e o meio, por intermédio do corpo."

(Daniel Dubois (1994): "O Labirinto da Inteligência. Da Inteligência Natural à Inteligência Fractal"; Lisboa: Instituto Piaget; pg 38)



Aprendizagem e Inteligência Artificial - Alguns Conceitos ...

Daniel Dubois ( engenheiro civil / cibernética)

"A inteligência é como um prisma de numerosas faces. Não se trata de uma qualidade própria das condutas humanas, mas sim de uma função auto-organizadora de comportamentos que se desenvolvem e evoluem. O cérebro humano não é o único suporte da inteligência: qualquer outro sistema, quer seja natural ou artificial, pode engendrar comportamentos inteligentes... O objectivo de um sistema inteligente é reconstruir a (ou as) melhor(es) representação (ões) do seu meio e de si próprio, a fim de adquirir o máximo de autonomia e de ser o menos possível sensível às flutuações do meio. Para atingir este objectivo, ele desenvolve a actividade de aprender e de auto-aprender.

A APRENDIZAGEM é, precisamente, o processo que permite a criação de novas representações. Pode ser "inculcada", no sentido em que estas novas representações são propostas aos sistemas inteligentes, que as assimilam. A auto-aprendizagem é o processo pelo qual o sistema inteligente cria, por si próprio, novas representações... O cérebro humano parece ser o único sistema inteligente dotado daquilo a que chamamos a meta-aprendizagem [aprendizagem da aprendizagem - que pode ser "inculcada sob a forma de regras/instruções] e a meta-auto-aprendizagem [reflexão do sistema sobre os seus próprios métodos de auto-aprendizagem - que se assemelha ao fenómeno da consciência]" (O labirinto da Inteligência, pp. 15-17)

Georges Vignaux ( neuropsicologia)

"... qualquer aprendizagem num sistema ou num ser vivo manifestar-se-á pela aquisição de uma ou mais propriedades que não são inatas neste sistema ou neste ser ..." ( As ciências cognitivas ; pp.135)




O MODELO DE APRENDIZAGEM BASEADO EM REGRAS

( Segundo Daniel Dubois)

Ideias principais:

"Os patrimónios genéticos dos seres vivos são mais ricos em regras de aprendizagem do que em informações" [... os ratos (como demonstrou Tolman) constroem mapas mentais do seu espaço familiar; as abelhas dispõem de mapas mentais estabelecidos no decurso de uma fase instintiva de reconhecimento do território; experiências com pombos sugerem que eles têm uma capacidade inata de generalização de certos conceitos ...]

Muitos animais, como parecem provar as investigações feitas no domínio das neurociências, estão mais particularmente aptos em certos domínios favorecidos pela selecção natural e são particularmente "estúpidos" ou inaptos no que toca às aprendizagens que não têm que ver com o seu estilo de vida.

No entanto, " O cérebro humano, para além da sua capacidade de memorizar e de tratar conhecimentos, teria a possibilidade de memorizar e tratar regras de aprendizagem por meta-aprendizagem, que é, ela própria, constituida pela memorização de meta-regras adquiridas e/ou inatas."

"Através da auto-aprendizagem, o cérebro humano teria, além da sua capacidade de memorizar e de tratar os conhecimentos descobertos em si próprio ou adquiridos automaticamente no exterior, a possibilidade de memorizar e de tratar auto-regras de aprendizagem, através de meta-auto-regras adquiridas e/ou inatas".

"Este último tipo de aprendizagem implica decisões "conscientes" no momento ... tendo como consequência o enfraquecimento da acção do instinto sobre o homam".

"Esta aprendizagem reflectida ...é uma componente essencial da inteligência humana"

Embora a estrutura e a função dos neurónios sejam idênticas em todos os seres vivos (animais e humanos), a organização dos fluxos de informação neuronais é própria de cada espécie ... O próprio processo de aprendizagem tem, portanto, uma parte de inato e uma parte de adquirido ...



OS MOMENTOS DA APRENDIZAGEM

(Segundo Daniel Dubois)

A aprendizagem envolve quatro tipos de conceitos:

A aprendizagem propriamente dita - processo através do qual se criam novas representações - que pode ser inculcada, no sentido em que representações já prontas podem ser propostas aos sistemas inteligentes, que as assimilam;

A auto-aprendizagem -
processo através do qual os próprios sistemas inteligentes criam novas representações;

A meta-aprendizagem - processo que se refere à aprendizagem da própria aprendizagem - que pode ser inculcada sob a forma de regras que orientam, guiam ou canalizam o processo de aprendizagem;

A meta-auto-aprendizagem - processo referente à reflexão do sistema inteligente sobre os seus métodos de auto-aprendizagem. Neste aspecto, a meta-auto-aprendizagem assemelha-se à Consciência.


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Organização de Celso Oliveira

cmo@esoterica.pt

Uma piadinha para descontrair

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

10 Homens e 1 Mulher



Onze pessoas estavam penduradas em uma corda num helicoptero.

Eram dez homens e uma mulher.

Como a corda não era forte o suficiente para segurar todos, decidiram que um deles teria que se soltar da corda.

Eles não conseguiram decidir quem, até que, finalmente, a mulher disse que se soltaria da corda pois as mulheres estão acostumadas a largar tudo pelos seus filhos e marido, dando tudo aos homens e recebendo nada de volta e que os homens, como a criatura primeira do mundo, mereceriam sobreviver, pois eram também mais fortes, mais sábios e capazes de grandes façanhas ...

Quando ela terminou de falar, todos os homens começaram a bater palmas ... E cairam da corda ...

Moral da história => Nunca subestime o poder e a inteligência de uma mulher!!!






Coisas que só uma mulher consegue...





Passar a vida inteira, lutando contra o próprio cabelo...
Comprar uma blusa que não combina com mais nada, só por que o preço estava irresistível.
Ser tratada feito idiota pelo mecânico na oficina.
Fingir naturalidade durante um exame ginecológico.
Se "enfiar" numa calça jeans para rediagramar a estrutura do corpo.
Ter crise conjugal, crise existencial, crise de identidade, crise de nervos e ataque de riso tudo num dia só!
Ser mãe solteira, mãe casada, mãe separada, mãe do marido.
Lavar a calcinha no chuveiro. e depois pendurá-la na torneira, para horror do sexo masculino.
Escutar que: mulher no volante perigo constante; homem do lado perigo dobrado...
Depilar a perna de 15 em 15 dias (com cera!)
Rasgar a meia na entrada da festa.
Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um batom novo!
Chorar no banheiro, se olhando no espelho para ver qual o melhor ângulo.
Achar que o seu relacionamento acabou, e depois descobrir que era tudo tensão pré-menstrual.
Nunca saber se é para dividir a conta, ou se é para ficar meiguinha.
Colocar uma cinta para disfarçar a barriga.
Ficar completamente feliz, por que ele ligou.
Dizer não, para ele insistir bastante, e aí ter que dizer sim!
Sorrir gentilmente para o cliente enquanto uma cólica louca te rasga como se fosse uma bazuca...

A MAIS PURA VERDADE...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar. Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na tv, não fica à sua volta resmungando, vai fazer alguma coisa que queira fazer...

E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Elas não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.

Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem... Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Mulheres mais velhas são diretas e honestas.

Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um!

Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos! Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada e sexy, existe um careca, pançudo em bermudões amarelos bancando o bobo para uma garota de 19 anos...

Senhoras, eu peço desculpas! Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê?

"Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!". Nada mais justo!

Arnaldo Jabor

Tudo que Deus faz é bem feito.

Há muito tempo, num Reino distante, havia um Rei que não acreditava na bondade de Deus. Tinha, porém, um súdito que sempre lhe lembrava dessa verdade. Em todas as situações dizia:
-- Meu Rei, não desanime, porque Deus é bom! Um dia, o Rei saiu para caçar juntamente com seu súdito, e uma fera da floresta atacou o Rei. O súdito conseguiu matar o animal, porém não evitou que sua Majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita. O Rei, furioso pelo que havia acontecido, e sem mostrar agradecimento por ter sua vida salva pelos esforços de seu servo, perguntou a este:
-- E agora, o que você me diz? Deus e bom? Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria perdido o meu dedo. O servo respondeu:
-- Meu Rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que Deus é bom, e que mesmo isso, perder um dedo, é para seu bem! O Rei, indignado com a resposta do súdito, mandou que fosse preso na cela mais escura e mais fétida do calabouço.
Após algum tempo, o Rei saiu novamente para caçar e aconteceu dele ser atacado, desta vez por uma tribo de índios que vivia na selva. Estes índios eram temidos por todos, pois se sabia que faziam sacrifícios humanos para seus deuses.
Mal prenderam o Rei, passaram a preparar, cheios de jubilo, o ritual do sacrifício. Quando já estava tudo pronto, e o Rei já estava diante do altar, o sacerdote indígena, ao examinar a vitima, observou furioso:
-- Este homem não pode ser sacrificado, pois é defeituoso! .......Falta-lhe um dedo!”
E o Rei foi libertado. Ao voltar para o palácio, muito alegre e aliviado, libertou seu súdito e pediu que viesse em sua presença. Ao ver o servo, abraçou-o afetuosamente dizendo-lhe:
-- Meu Caro, Deus foi realmente bom comigo! Você já deve estar sabendo que escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma grande duvida:
Se Deus e tão bom, por que permitiu que você fosse preso da maneira como foi? ... Logo você, que tanto O defendeu! O servo sorriu e disse:
-- Meu Rei, se eu estivesse junto contigo nessa caçada, certamente seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta dedo algum!

VÍDEO EM HOMENAGEM AO PROFESSOR

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

VÍDEO: SER PROFESSOR

VÍDEO: Metodologia ou tecnologia

Evolução do ensino no Brasil

1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?



2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda, ou R$80,00. Qual é o lucro?



3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Qual é o lucro?


4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00


5.. Ensino de matemática em 2000:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?


6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00.Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00



7. Em 2010 vai ser assim:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00. (Se você é afrodescendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder)
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

recebi por email de uma amiga e postei...